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Em busca da fênix: Serra Preta tem saídas

Postado Por: Igor Almeida As quinta-feira, 22 de dezembro de 2011 | 08:07

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Esquecida no tempo, Serra Preta possui um patrimônio histórico de valor imensurável
Praça histórica, mas sem a devida valorização

Lago secular, atualmente poluído, mas que foi parada obrigatória para as tropas portuguesas colonizarem a região

De capela a Igreja, o Templo do Bom Conselho nasce junto com a vila
Serra Preta está a cerca de 160 km da capital da Bahia. Bastante próxima para os padrões atuais. Mas nem sempre foi assim. É comum ouvir histórias que, há 40 anos, se demoravam horas para se chegar a Salvador. Serra Preta no século XIX era um lugar estratégico para os desbravadores capitalistas portugueses. Localizada no pé da serra do Taquari, cercada de floresta e com um lago de água doce permanente (hoje poluída), não é difícil perceber o porquê do surgimento de uma vila administrativa. Porém, só conseguiu se elevar a categoria de cidade em 1954.

Mas a ideia aqui não é relatar a história propriamente dita de Serra Preta, mas sim fazer a defesa do presente através de seu passado. É redescobrir Serra Preta. A cidade não cresceu urbanamente como se esperava. Conservou-se, relativamente, sua originalidade de um passado distante. O povo que hoje habita é constituído de pessoas de baixa renda, sem emprego e desassistida pelos governos. Talvez, todo esse cenário social foi determinante para se preservar sua maior riqueza: o parque arquitetônico em pleno sertão baiano.

Serra Preta possui casarões, calçadas e traços urbanos dignos de reconhecimento histórico baiano. Se o Brasil fosse um país preocupado com a sua história, Serra Preta já seria tombado há vários anos. A prefeitura municipal também nunca se interessou em valorizar Serra Preta como nosso patrimônio cultural. Pelo contrário, construções antigas foram destruídas ou reformadas sem considerar os padrões originais pelo próprio poder público. A destruição do Barracão, o remodelamento da frente da Igreja, a reforma da Caixa d´Água são exemplos de desrespeito a memória da história da Bahia.

Outro crime que o Poder público comete todos os dias é ignorar nosso passado. A Educação do Município pouco ou nunca retrata a história do próprio município. Acredito que apenas um livro didático foi confeccionado sobre o tema. O povo serrapretense mal sabe a data da emancipação do Município. O processo histórico de Serra Preta está perdido na memória de nossos avôs, que estão morrendo a cada dia. O reflexo é o desprezo que a própria comunidade tem diante de sua riqueza histórica. Não valorizar Serra Preta é a mesma coisa de olhar para um metal precioso e não o reconhecer como tal. Gradativamente, casas históricas de Serra Preta vêm sendo destruídas ou remodeladas ingenuamente pelos moradores, diante do olhar passivo e cúmplice do Poder Público.

Por isso, chamo a atenção de todos para salvar nossa Sede antes que seja tarde demais. A saída, sem dúvida, é o tombamento através do IPAN e do IPAC. A Prefeitura também pode elaborar um projeto de Lei neste sentido. Quem visita Igatu, Distrito de Andaraí, na Chapada Diamantina verá que a valorização de sua riqueza cultural foi a saída do desenvolvimento econômico local. De esquecida no tempo, Igatu conta com aluguéis valorizados, sua culinária prestigiada e uma rede hoteleira com preços semelhantes a Salvador. Serra Preta também tem tudo para seguir o mesmo caminho. Temos festividade secular, espaço propício para festival de vídeo, música, exposição permanente de arte sertaneja, cavalgada, esporte radical, montanhismo, caminhadas pela caatinga e eventos religiosos para o ano inteiro. Só falta um pouco de inteligência e vontade política de quem governa. Estou pronto para ajudar. Vamos colocar a mão na massa?
(Informações Mario Angelo)